“A razão de um cachorro
ter tantos amigos,
é que ele abana o rabo
em vez da língua.”
(anônimo)
Conta uma antiga fábula, cujo autor é desconhecido, que uma velha senhora foi participar de um safári na África e levou consigo seu velho cão vira-lata.
Uma bela tarde, caçando borboletas, o velho cão, repentinamente, deu-se conta de que havia se perdido. Na procura do caminho de volta vagou a esmo, e terminou por perceber que um jovem leopardo o avistou e caminhava em sua direção com a finalidade de conseguir um belo almoço.
O velho cão então se dá conta de que está enrascado, mas olhando ao redor viu uma série de ossos espalhados pelo chão.
Sem se apavorar com a situação a que estava submetido, o cachorro velho ajeita-se junto ao osso mais próximo, começa a roê-lo, dando as costas ao predador. Quando o jovem leopardo estava pronto para dar o bote, o velho cão exclama bem alto: “Cara, este leopardo estava delicioso! Será que existem outros por aí?”
Ao ouvir a referida exclamação, o jovem leopardo é tomado por um arrepio de terror, suspende seu bote, e sai se esgueirando na direção de frondosas árvores.
Quando se sente a salvo, pensa consigo: “Caramba. Essa foi por pouco. Aquele velho vira-lata quase me pega”. Um macaco-prego, pendurado em uma árvore e que a tudo assistia, oportunisticamente, logo imaginou que poderia fazer um bom uso de tudo aquilo que assistira.
Em troca de proteção para si, informaria ao predador que o velho cão vira-lata não havia comido nenhum leopardo.
E assim dirigiu-se rapidamente em direção ao jovem leopardo.
Mas atento, o velho cão observa a cena e logo deduz: “Aí tem coisa”.
O macaco alcança o predador, fala ao seu ouvido e fecha um acordo com o leopardo, que fica furioso por ter sido feito de babaca.
Vira-se para o símio e diz: “Aí macaco, suba nas minhas costas para que veja o que vou fazer com aquele cachorro velho abusado”.
O velho cão assiste um leopardo furioso vindo célere em sua direção, e pensa: “E agora José, o que é que eu vou fazer?”
Mas em vez de fugir da raia, tem consciência de que suas pernas doloridas jamais o levariam muito longe, e mais uma vez, senta-se dando as costas aos seus agressores.
Fazendo de conta que não os havia visto, aguardou chegarem mais perto, o bastante para ouvi-lo, e disse: “Onde andará aquele macaco filho de uma égua? Estou morrendo de fome e ele ficou de me trazer outro leopardo e não chega nunca.”
Moral dessa história: Não se deve bulir com cachorro velho, pois idade, vivência e habilidade, se sobrepõem à juventude e a intriga.
Em verdade esta pequena fábula tem servido de inspiração a muitos políticos. O próprio William Shakespeare, em um de seus textos, coloca com muita precisão: “Eu aprendi que a melhor sala de aula do mundo, está nos pés de uma pessoa mais velha.”