A Coluna Desabafo do Samba, assinada por Toninho Madrugada, abre espaço para o artigo do jornalista Carlos Pinto
Carnabonde: onze anos de sucesso
* Carlos Pinto
“Nosso bloco tem um ideal,
quem vem na frente são os professores,
anunciando o nosso carnaval”
(hino das Babys)
Quando em janeiro de 2001, eu e o Luiz Guimarães passamos da idéia à concretização em vinte dias, da primeira edição do Carnabonde, tínhamos a certeza de que seria um projeto que teria longa vida.
Onze anos após, o Carnabonde é um evento que cresce a cada ano, com uma grande participação popular, razão maior do seu sucesso.
Uma fórmula simples, onde o bonde elétrico é a grande alegoria e o carnaval do passado é o motor desta festa popular, realizada na praça central do centro histórico de Santos, a Mauá.
Marchas, ranchos, modinhas dos carnavais passados, embalam famílias e foliões que relembram os antigos corsos e cortejos carnavalescos que ocorriam na Rua do Rosário, atual João Pessoa.
Durante estes onze anos, várias sociedades carnavalescas do passado, que fizeram a alegria de centenas de foliões, foram homenageadas no Carnabonde.
Dengosas do Marapé, Agora Vai, Bloco das Esmeraldas, Taba, e tantas outras que honraram e contribuíram para o carnaval santista, foram reprisadas por artistas de Santos, sob a direção de André Lehaum, relembrando os saudosos carnavais dos blocos nascidos em várias comunidades dos bairros santistas.
Este ano chegou a vez das Babys do Jardim da Infância, tradicional bloco dos anos 30 / 40, que durante dez anos brilhou nos desfiles santistas. Nascido no coração do Bairro Chinês, um dos berços do carnaval santense, foi também meu batismo nas lides do samba e dos desfiles em reverencia ao Rei Momo.
Em minha avaliação, o Carnabonde deste ano foi seguramente o mais concorrido em termos de público, de animação e participação. Uma abertura do carnaval oficial com toda pompa e circunstância.
Para recriar as Babys, uma equipe de dez profissionais trabalhou duro durante trinta dias na oficina da SECULT, na confecção de fantasias e adereços com a finalidade de reviver a folia dos anos 40. Uma intensa pesquisa foi efetuada, a exemplo das realizadas em anos anteriores com as demais entidades homenageadas. Oitenta atores e dançarinos foram preparados e caracterizados de acordo com as apresentações efetuadas pelas Babys do Jardim da Infância.
O bonde recebeu uma ornamentação calcada nos adereços de época, levando em seus bancos cinco remanescentes do bloco que seriam homenageados no palco principal. Ao lado deles a corte carnavalesca e atrás do bonde vinham os foliões e participantes não caracterizados.
Aos poucos o carnaval santista vai retomando o tempo perdido, através de várias manifestações como o Carnabonde, o desfile das bandas pelos bairros, os bailes em vários pontos da cidade, culminando com o desfile das escolas de samba no sambódromo da Zona Noroeste.
Que as próximas administrações municipais possam dar continuidade aos festejos de momo, com a finalidade de recolocar a cidade no lugar que já ocupou como o segundo carnaval do país.
* Carlos Pinto, secretário de Cultura de Santos, Jornalista e Professor