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Aos que ficaram pelo caminho

Voltar para listagem de colunas Inserida em: 16/12/2021 Colunista: Carlos Pinto

Aos que ficaram pelo caminho

 “ Em um lugar onde não há

atividades culturais, a

violência vira espetáculo.”

           Neste dia 16 de dezembro, quando se comemora o Dia do Teatro Amador, é forçoso lembrar daqueles que construíram boa parte do caminho, e que hoje descansam merecidamente no eterno. Quando em 1965, levado pelo Greghi Filho, participei da fundação da Federação Santista de Teatro Amador, sabia que estava iniciando uma caminhada, mas não sabia até onde essa estrada me levaria. Creio ser assim com todos que tem ou tiveram, a honra de participar de algum grupo de teatro amador.

E durante esses mais de cinquenta anos, conheci grandes mestres dessa arte completa, que a seu modo, criaram grandes espetáculos em suas cidades, seus estados, por esse Brasil imenso. Pretendo aqui relembrar alguns, com a certeza de que esquecerei de outros, mas que estão presentes nesta singela homenagem. Primeiramente Paschoal Carlos Magno, pois através dele, me foi permitido conhecer grandes figuras do teatro brasileiro, espalhadas por este país de território tão amplo. Em seus Festivais, pude trocar ideias com pessoas como Facury, Maranhão, Claudio, Ademar Padron, Ronald Radde, Nitis Jacon, e tantos outros que a memória reluta em me revelar.

Tive mestres no meu caminhar, que me ensinaram como ajudar a pavimentar essa estrada tão espinhosa, mas muito prazerosa, que nos propiciam como contornar os abismos que a vida nos apresenta. Em São Paulo, vários companheiros com quem tive a honra de trilhar essa estrada, foram fundamentais na minha formação. O grande Hamilton Saraiva, mestre dos mestres, que com sua calma e precisão, organizou, planejou e executou projetos que deram sustentação a um dos maiores programas culturais do país.

Pelo Estado todo tivemos e ainda temos, companheiros que foram vitais na construção do teatro amador, dos quais cito alguns: Humberto Sinibaldi, Sidnei Rocha, Werner Rothschild, Homero Bufalo, Antonino Assumpção, Nevio Dias, e meu grande irmão Angelo Bonicelli. Citar todos daria para fazer um jornal. Em minha cidade, não posso esquecer de Wilson Geraldo, Walter Rodrigues, Carlos Alberto Sofredini, Nélio Mendes, e todos que comigo conviveram no Teatro Estudantil Vicente de Carvalho, alguns dos quais beberam nos ensinamentos de Patrícia Galvão, Paulo Lara, Oscar von Pfuhll, Osvaldo  Leituga, entre tantos.

A data de hoje, 16 de dezembro, é uma reverencia a todos eles que enfrentaram as contradições e agruras da falta de reconhecimento, da falta de apoio governamental, e da censura nos tempos de trevas. A todos, sem distinção, nossa homenagem pela data de hoje. Aos que lutaram pela construção de teatros em cidades do interior paulista, aos que se dedicaram em defender os ideais e sonhos de Paschoal e sua Aldeia de Arcozelo, que até hoje suplica que a FUNARTE a reconstrua.

Fazer cultura em um país como o nosso, é tarefa para gigantes, que não temeram em enfrentar a censura e por vezes, a prisão. A todos, sem exceção, meu preito de gratidão. Continuar é preciso. Que o exemplo desses antepassados citados, sirvam para que continuemos a pavimentar a estrada da cultura. Como bem colocou Plinio Marcos, “um povo que não ama e não preserva as suas formas de expressão mais autênticas, jamais será um povo livre.”