Leio na coluna Dia a Dia, assinada pelo colega Rafael Motta, em A Tribuna (02.10.22), que o vereador Benedito Furtado (PSB) está preocupado com a extinção do serviço de transporte por trólebus na Cidade, mas se isso ocorrer, e as evidências apontam para esse resultado, não há como afastar responsabilidade do próprio parlamentar.
Explico, quando do lançamento do certame licitatório para a concessão dos serviços de ônibus em Santos constava do edital que a empresa vencedora deveria, em determinado prazo após a assinatura do contrato, comprar 10 novos ônibus elétricos e refazer toda a rede aérea elétrica para possibilitar a circulação desses veículos. No tempo previsto, a empresa Piracicabana, que ainda detém a concessão, alegou a impossibilidade de cumprir o contrato sob o argumento de que os ônibus elétricos eram muito caros em relação a ônibus movidos a óleo diesel.
À época o prefeito era Beto Mansur, e à frente da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) estava João Paulo Papa, que sucedeu Mansur. Furtado já estava na Câmara. A CET é gestora do contrato. Papa assentiu com os argumentos da Piracicabana e a empresa ficou desobrigada de cumprir o contrato.
Do ponto de vista administrativo isso jamais poderia ter ocorrido. O edital estabelece os requisitos a serem cumpridos pelos que se dispõe a contratar com o poder público e, selado o contrato, este é o instrumento a ser cumprido. Ora, os que postulam contratar com a administração avaliam o edital e ponderam a viabilidade.
Se outras empresas soubessem que não precisariam investir, certamente teriam disputado com mais afinco.
Pois bem, fecharam os olhos Beto Mansur, Papa – na condição de presidente da CET e depois como prefeito, a Câmara de Vereadores, estando Furtado em sua composição, e também o Ministério Público. Portando, a extinção dos trólebus em Santos se deve aos ex-prefeitos citados, aos vereadores que exerciam mandatos à época, entre eles Furtado, que não exigiram da concessionária o cumprimento do contrato para implantar os novos trólebus, e ao Ministério Público, que em muitos mazelas que ocorrem em nossa urbe não tem atuado com a presteza necessária, como exige a sociedade.